Anunciamos com alegria a representação de Caio Pacela (Espírito Santo do Pinhal-SP, 1985), que vive em Niterói e trabalha em São Gonçalo (RJ).
Bacharel em Pintura (UFRJ), tendo frequentado cursos livres na EAV Parque Lage, Pacela tem doze anos de carreira nas artes visuais e sólida formação em pintura e desenho, em um trabalho com forte influência da fotografia e que se alimenta também de imagens obtidas no universo digital.
Sua obra traz à tona questões de simbiose entre os sujeitos individual e coletivo – e seus relacionamentos de subversão e interferência recíprocas – e uma exploração, por vezes metafísica, da intimidade cotidiana. Uma pintura em que a condição humana assume o protagonismo a partir de angústias e da ideia da intimidade exposta onde fica evidenciado o quão estranho é o outro diante de uma aproximação dessa natureza. E, em se tratando de imagens recolhidas na internet, o quanto de densidade pode conter o superficial.
A espiritualidade, uma das vertentes de sua poética, surge como campo de experimentação, a partir do qual explora suas derivações: corpo, identidade, fé, culto, oferenda e transcendência, com ênfase no caráter intuitivo e subjetivo das relações humanas.
Da adolescência aos dias de hoje, Pacela nutre uma relação de proximidade intensa com a igreja evangélica, estabelecendo uma vivência paradoxal e limítrofe com este ambiente. Seu ateliê ocupa uma das salas do prédio que abriga a igreja que frequenta, em São Gonçalo, uma das cidades com maior concentração de evangélicos no país.
O artista mantém uma relação simbiótica, eventualmente conflituosa, com a comunidade religiosa, o que se reflete em sua obra. Como nota o curador Victor Gorgulho, em relação às personagens retratadas: “Caio Pacela nos coloca diante deles e eles diante de nós – eles nos miram, ainda que seus olhos nem sempre fitem os nossos em um confronto direto”.
Já nas pinturas da série “Exercícios de Manutenção do Instinto”, Pacela se vale de um certo realismo fotográfico para retratar personagens em situações inusitadas, em ambientes cotidianos, como cozinhas. A intensa intimidade, exposta dessa maneira, adquire densidade e “realça a sensação de mistério presente na aura com que o artista reveste situações ordinárias de modo a torná-las extraordinárias”, aponta Cristiane Laclau.