Em Reforma: Canteiro de Obras, Andrey Zignnatto mergulha em suas raízes e elege o tijolo como objeto mediador da experiência do humano com a cultura e o mundo, subvertendo as condições e usos originais do elemento construtivo e abrindo caminhos para o questionamento dessa relação. A mostra traz trabalhos recentes do artista, realizados no Brasil, Peru e Emirados Árabes.
20 MAR- 27 ABR 2019
Na instalação Uma casa popular (2019), construída no próprio espaço expositivo, Zignnatto ergue uma série de muros, frações do projeto de um programa habitacional brasileiro. Depois de levantadas, as paredes são vazadas. Delas, o artista retira os tijolos de barro, deixando aparente somente o cimento que as sustentou, atribuindo-lhes uma aparência ruinosa.
A construção sempre fez parte da vida de Zignnatto. Na adolescência, foi assistente de seu avô, pedreiro no interior de São Paulo, em Jundiaí. Foi lá que aprendeu a manusear as ferramentas do ofício. Andrey Zignnatto chama atenção para um espaço em constante transformação e sujeito a alterações e atrasos, tal como um local em reforma. Não por acaso, essa transmutação também se aproxima do campo da arte contemporânea – território tão efêmero quanto a vida. É neste ambiente impreciso e dinâmico que o artista revela as várias contradições sociais que surgem da relação entre operários e construtoras, em um universo que abarca de uma só vez vida e arte.
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Andrey Guaianá Zignnatto
Sobre a pele #1 ( Juruna – Xingú ), 2019
80 x 105 cm
Me coloco nas olarias e cerâmicas em um estado que chamo de ‘presente e disponível’ para receber e perceber as ‘provocações’ deste lugar. Acredito que assim reajo a esta experiência e o processo do fazer artístico atua como resposta poética a estas provocações. O tijolo me serve como instrumento para manifestar uma intenção, e não somente matéria para produção de esculturas.
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Andrey Guaianá Zignnatto
Tapete de Orações #1 , 2019
146 x 100 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Tapete de Orações #2, 2019
Saco de cimento de papel e tapeçaria
146 x 100 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Tapete de Orações #3, 2019
Saco de cimento de papel e tapeçaria
80 x 55 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Deus é forte, 2018
55 x 40 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Palheta, 2016/2019
185 x 175 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Tapete de Orações #4 , 2019
80 x 55 cm
Manifestações como as de Zignnatto não podem ser consideradas apenas experiências estéticas ou interpretadas, como muitas propostas contemporâneas, como polidas, finalizadas ou essências absorvidas automaticamente. Como uma cobra, a arte deixou para trás sua pele velha e hoje, mais do que nunca, essa espécie de natureza ambígua propicia uma dinâmica com conotações estéticas marcadas. Ela traz consigo as rachaduras e a fragilidade presente em todo projeto utópico.
— Xenia Bergman, ArtNexus, ed. 113
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Andrey Guaianá Zignnatto
Físsura #1, 2018
Impressão fotográfica em pigmento sobre papel de algodão
55 x 70 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Físsura #2, 2018
Impressão fotográfica em pigmento sobre papel de algodão
55 x 70 cm
Andrey Guaianá Zignnatto
Físsura #3, 2018
Impressão fotográfica em pigmento sobre papel de algodão
55 x 70 cm
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Andrey Guaianá Zignnatto
Território nacional – De todas, uma mesma terra, 2016/2018
Instalação
120 x 100 x 15 cm