Feco Hamburger: Noites em Claro - Janaina Torres

São Paulo Brasil

Noites em Claro

Feco Hamburger

Uma câmera parada e a noite em movimento: em Noites em Claro, série aclamada que comemora 20 anos, Feco Hamburger capta, em fotografias de longa exposição, o acúmulo da luz da noite, não visível ao olhar humano. Feco imprime, em um único fotograma, o registro do tempo – o tempo longo da madrugada e dos astros celestiais. Em imagens de intensa beleza e encantamento, é revelado, pela fotografia, um surpreendente firmamento de cores, luzes e sombras, um universo noturno onde ninguém dorme.

 

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Guararema-SP, Alguns minutos, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, Alguns minutos, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2003
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60 x 60 cm

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Guararema-SP, alguns minutos, Março (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, alguns minutos, Março (Série Noites em Claro), 2001
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60 x 60 cm

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Ao abrir o obturador da câmera por longos períodos, de frações de segundo para minutos ou horas, Feco obtém uma justaposição de tempos em um fotograma só. Eventos e fenômenos cromáticos noturnos se acumulam no tempo elástico, como se um filme inteiro se condensasse em uma única imagem.

O INSTANTE DE UM RAIO | “O tempo segue um grande mistério” diz o artista. “Das escalas astronômicas às escalas cotidianas. Em Noites em Claro, há horas da discreta luz da noite sem lua e o instante de um raio, marcadores dos tempos que se aproximam pelo fazer fotográfico”.

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Guararema-SP, alguns minutos, Janeiro (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, alguns minutos, Janeiro (Série Noites em Claro), 2002
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60 x 60 cm

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Guararema-SP, alguns minutos, Janeiro P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, alguns minutos, Janeiro P.A. (Série Noites em Claro), 2002
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60 x 60 cm

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São Luiz do Paraitinga-SP,  23:10 - 23:50h, Abril P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
São Luiz do Paraitinga-SP, 23:10 – 23:50h, Abril P.A. (Série Noites em Claro), 2004
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100 x 100 cm

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Na aparente escuridão da noite, um mundo cromático de acontecimentos se revela, numa escala que chega a parecer ficcional. A fotografia não é o que o artista enxerga, mas o que se revela ao fotografar.

O QUE O RAIO DIZ | “Gosto de pensar os raios como o primeiro flash que existiu. O desenho do raio e a luz sobre a paisagem indicam uma força ou energia criadora, ou explosão inicial de um drama sobre uma paisagem também bucólica”.

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Guararema-SP, alguns minutos, Janeiro (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, alguns minutos, Janeiro (Série Noites em Claro), 2002
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60 x 60 cm

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Atibaia-SP,  02:45 - 04:05h, Março (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Atibaia-SP, 02:45 – 04:05h, Março (Série Noites em Claro), 2004
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60 x 60 cm

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Praia da Baleia-SP, aprox. 5 min, Março (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Praia da Baleia-SP, aprox. 5 min, Março (Série Noites em Claro), 2002
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60 x 60 cm

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Guararema-SP, 04h40-05h50, Agosto P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, 04h40-05h50, Agosto P.A. (Série Noites em Claro), 2003
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100 x 100 cm

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Movido pela vontade de registrar a órbita das estrelas, apontei a câmera para o vale e esperei, junto à câmera aberta, por 35 minutos. Revelado o filme, qual não foi minha surpresa: o céu estava azul, o vale estava verde, e a flor da primavera coloria o plano. O tempo de exposição não foi suficiente para registrar as estrelas da maneira que eu esperava. Mas minha atenção estava totalmente voltada para aquele aparente mistério: como era possível a escuridão da noite se transformar naquela fotografia? A relação entre o tempo, a luz no escuro e o movimento passou a ser o foco de minha abordagem. O acaso se fez componente essencial. A fotografia pode revelar uma luz existente, invisível aos nossos olhos, manipulada pelo aparato fotográfico e pelo tempo. Sim, foram diversas noites e madrugadas de trabalho.

— Feco Hamburger

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ENXERGAR O TEMPO | Feco Hamburger discorre sobre a manipulação do aspecto temporal de Noites em Claro, subvertendo a lógica do instante fotográfico – uma das ideias centrais do trabalho.

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Guararema-SP, aprox. 35 min, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, aprox. 35 min, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2001
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100 x 100 cm

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Guararema-SP, 22h10-01h10, Agosto P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, 22h10-01h10, Agosto P.A. (Série Noites em Claro), 2003
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100 x 100 cm

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Exibida pela primeira vez em 2004, em individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo, com curadoria de Diógenes Moura, integrando assim o acervo da instituição, a série Noites em Claro teve também trabalhos incorporados à coleção de fotografia brasileira da Biblioteca Nacional da França (BnF), na companhia de fotógrafos como Sebastião Salgado, Miguel Rio Branco e Geraldo de Barros.

PINACOTECA, 2004 | O curador Diógenes Moura, da Pinacoteca de São Paulo, na montagem de Noites em Claro, que integra o acervo da instituição.

Feco Hamburger vira a noite pelo avesso, num desafio “irracional” de aproximar-se da natureza do tempo e, com isso, juntá-la à natureza do homem, para falar de um sistema comum aos dois. Feco traz para fora do diafragma o “dia” que lá dentro a luz invisível a olhos nus revela. O resultado são imagens com intensa poesia, vindas de um mundo em silêncio; vindas das fases da lua que invocam noites “de sol” em paisagens bucólicas; vindas de uma geografia que recorta sistemas impensáveis; vindas de tensas metáforas em seus riscos de neon, no meio da cidade adormecida.

— Diógenes Moura

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Atibaia-SP, 04:00-05:10h, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Atibaia-SP, 04:00-05:10h, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2004
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100 x 100 cm

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Guararema-SP, 21:15 – 23:15h, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, 21:15 – 23:15h, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2004
C-Print
100 x 100 cm

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São Paulo-SP,  19:10 - 21:10h, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
São Paulo-SP, 19:10 – 21:10h, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2004
C-Print
100 x 100 cm

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São Paulo-SP,  20:15 - 20:21h, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
São Paulo-SP, 20:15 – 20:21h, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2004
C-Print
100 x 100 cm

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Ali estavam fotos de vales, aeroportos, a curva de uma estrada, a paisagem urbana vista de uma janela… Evidentemente as luzes celestes estavam lá, assim como toda a misteriosa claridade da noite fotográfica. No entanto, o caráter, por assim dizer, pedestre da maioria dos locais escolhidos para servirem de cenário das fotos, misturava-se à gravidade do tempo longo dos corpos celestiais captados. Uma mistura com dividendos estéticos muito estimulantes.

— Tadeu Chiarelli

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São Luiz do Paraitinga-SP,  23:00 - 23:40h, Abril P.A.(Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
São Luiz do Paraitinga-SP, 23:00 – 23:40h, Abril P.A.(Série Noites em Claro), 2004
C-Print
100 x 100 cm

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Guararema-SP, 00h00-01h25, Dezembro P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, 00h00-01h25, Dezembro P.A. (Série Noites em Claro), 2003
C-Print
100 x 100 cm

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FRACTAL | “Na Pedra Grande de Atibaia (SP), 70 minutos abarcam o tempo da pedra e da árvore sob o céu estrelado. O rastro das estrelas indica o polo sul celeste, atrás da pedra, numa noite sem vento. A luz avermelhada vem do vale iluminado pelas luzes noturnas da cidade. A composição aponta uma espécie de fractal”.

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Guararema-SP, alguns minutos, Dezembro (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, alguns minutos, Dezembro (Série Noites em Claro), 2001
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60 x 60 cm

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Guararema-SP, alguns segundos, Dezembro (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
Guararema-SP, alguns segundos, Dezembro (Série Noites em Claro), 2001
C-Print
100 x 100 cm

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São Paulo-SP,  19:10 - 19:30h, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
São Paulo-SP, 19:10 – 19:30h, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2004
C-Print
100 x 100 cm

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São Paulo-SP,  21:08 - 22:18h, Março P.A. (Série Noites em Claro)

Feco Hamburger
São Paulo-SP, 21:08 – 22:18h, Março P.A. (Série Noites em Claro), 2004
C-Print
100 x 100 cm

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Noites em Claro estabelece um diálogo com inovadores da fotografia, como Muybridge (1830-1904) e Marey (1830-1904), que combinaram a experiência do tempo em paisagens e estudos do movimento, além da experiência fotográfica apresentar algo que nos escapa. Porém, se havia neles um fracionamento do movimento, em Noites em Claro há uma condensação do tempo em uma fotografia só.

Eadweard Muybridge, Valley of the Yosemite from Union Point, 1872, albumen silver print, sheet: 17 x 21 1⁄2 in. (43.2 x 54.6 cm.), Smithsonian American Art Museum.

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Ampulheta I (Série Sobre a permanência)

Feco Hamburger
Ampulheta I (Série Sobre a permanência), 2008-2009
Impressão jato de tinta sobre papel de algodão
80 x 80 cm

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Em trabalhos posteriores, como a série Sobre a Permanência, o artista leva sua técnica de longa exposição para paragens no deserto, como o Atacama, no Chile, e os desertos de Israel da Jordânia, reforçando a relação entre o tempo e a paisagem. À dimensão imutável, avassaladora e sublime dos desertos, as lentes abertas de Feco captam movimentos intensos de luz e cor, revelando “o tempo longo do deserto” — em um local onde o tempo parece não existir.

A escuridão pode guardar tudo, como o Aleph, de Borges.

— Feco Hamburger

EM CLARO | Feco Hamburger na Pedra Grande, em Atibaia (SP): o nascer do sol anuncia a hora de recolher o equipamento, fechando o obturador até uma noite próxima, com a curiosidade de ver o filme e a noite revelados.

SOBRE O ARTISTA

Ao longo de mais de 20 anos de carreira consistente, com obras no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Coleção Itaú de Fotografia Brasileira e na Biblioteca Nacional da França, Hamburger chama atenção para o caráter especulativo da fotografia, ao utilizar dispositivos, processos e protocolos fotográficos para a modelagem do mundo, ao invés de apenas registrá-lo. Embora nascida e marcada pela exploração dos limites da linguagem e técnica fotográfica, a poética de Hamburger transborda as especificidades dessa linguagem, adentrando com fluidez o campo especulativo e caudaloso da produção de imagens contemporâneas. Como define o crítico e curador Ícaro Ferraz Jr., são obras que nascem por precipitação, sem nenhuma realidade anterior à ação do artista-alquimista, que cria as soluções nas quais elas vêm a existir.

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Assim, imagens são obtidas como resíduos de processos, em uma miríade de elementos: raios de luz, aparatos e traquitanas, impressoras, papéis, displays, scanners, água, óleo, sabão, borrifadores etc. “O uso da fotografia por Feco Hamburger aproxima-o de figuras como Eadweard Muybridge e Étienne-Jules Marey que, com seus estudos do movimento, foram pioneiros no uso da imagem fotográfica como instrumento de conhecimento, para além do potencial documental, expressivo e representacional da nova tecnologia ótica. As imagens de Hamburger nascem de impulso similar: o artista não prevê ou calcula grande parte dos fenômenos que vemos em suas obras. Por isso, sua poética é fonte incessante de maravilhamento, convocando-nos à difícil experiência de ver pela primeira vez, em uma época marcada por uma avalanche de imagens que domestica o olhar, reduzindo a visão ao reconhecimento”, define.

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