Entre o onírico e o real, o visível e o recôndito, a cor é um elemento central da pintura de Pablo Ferretti. Em suas telas, nada é evidente e tudo é difuso, ora algo se desenha diante de nossos olhos, ora se desvanece. O artista parece jogar com a tendência do observador em ‘ler’ ou decifrar imagens, como se as formas — matéria — fossem submetidas ao tema — ideal, dissolvendo as expectativas de quem vê a pintura e procura ali algum sentido literal.
28 JAN – 17 FEV 2023
De maneira sutil, os trabalhos negam uma paisagem que exista apenas “por minha própria graça”, humana. As pinturas existem em si mesmas e são superficiais no melhor sentido do termo, na medida em que recusam a “profundidade” intelectual tão cara ao Ocidente, pretexto e justificativa das mais diversas hierarquias. Aliás, seria impossível a existência de pinturas não fosse o caráter material de sua superfície.
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Pablo Ferretti
Solver, 2022
Óleo sobre tela
154 x 130 cm
Pablo Ferretti
Delir, 2022
Óleo sobre tela
160 x 138 cm
Pablo Ferretti
Insolar, 2022
Óleo sobre tela
130 x 100 cm
Pablo Ferretti
Clareira, 2022
Óleo e Cera sobre tela
100 x 120 cm
Pablo Ferretti
Limiar, 2022
Óleo e Cera sobre tela
100 x 120 cm
Pablo Ferretti
Findão, 2022
Óleo e Cera sobre tela
80 x 100 cm
Pablo Ferretti
Tergiverso, 2022
Acrílica e Óleo sobre tela
38 x 46 cm
Pablo Ferretti
Patoá, 2022
Óleo sobre tela
55 x 46 cm
Pablo Ferretti
Entrear, 2022
Óleo e Cera sobre tela
18 x 14 cm
Pablo Ferretti
Sobrenado, 2022
Óleo e Cera sobre tela
55 x 70 cm
Nascido em Porto Alegre (1974), Pablo Ferretti, reside e trabalha no Rio de Janeiro e trilhou sua formação na Inglaterra, com mestrado no Royal College of Art, em Londres, onde teve uma experiência de trabalho na mítica National Gallery. No seu caso, não se trata de uma biografia acidental. Dono de um vocabulário pictórico culto, Ferretti exibe em suas telas a sofisticação adquirida – e os estados de ânimo, eventualmente – do convívio com Turner e outros mestres.
+ maisSeja em óleo sobre tela, ou em experimentos recentes como giz escolar sobre superfícies abrasivas como lixa e areia fixada na tela, interessa a Ferretti as possibilidades do pigmento sobre o suporte e a resiliência das camadas de cor. Suas telas exibem assim evocações e movimentos, figurações do espírito que revelam “paisagens desconhecidas, inomináveis, imagens mentais poluídas, dotadas da mesma carga de mistério que constitui o mundo pouco acessível do inconsciente”, como define Bernardo José de Souza.