Tentar ser terra, tentar ser água, tentar ser floresta — ao se incorporar à natureza, em performances registradas em fotografia e vídeo, Luciana Magno, desde o Norte do país, cria epifanias pungentes e delicadas, que embutem o fluxo da vida e da morte, do caos e do equilíbrio, e da resiliência, frente à devastação.
Natural de Belém do Pará (1987), Luciana Magno centra sua pesquisa no seu próprio corpo para, integrando-se à paisagem, e por meio de referências sociais, antropológicas e culturais, promover encantamento e reflexão acerca da ação humana e seus efeitos sobre o ambiente, os seres, os povos e as comunidades. Em seus trabalhos, performances que a própria artista registra em fotografia e vídeo, cabelos, pernas, troncos, algas, cipós, água, árvores e pedras ganham organicidade, transformando-se em um corpo único, que não distingue o humano e a natureza. A partir daí, Luciana cria situações emblemáticas, em gestos e atitudes que vão da celebração ao confronto — podendo correr riscos, como quando se fotografa nua em meio à madeira, fruto de desmatamento ilegal —, em uma obra multidimensional que traz à tona questões como o impacto de intervenções na região amazônica, a simbologia feminina e dos povos autóctones e as contradições do desenvolvimento. Junto com Luciana, também um Brasil se desnuda em seus trabalhos, em toda sua diversidade, complexidade e, diga-se, crueldade. Luciana Magno é graduada em artes visuais e tecnologia da imagem pela Universidade da Amazônia, Belém, e mestre em artes pela Universidade Federal do Pará; atualmente, cursa Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade de São Paulo. Foi ganhadora da 10ª edição do Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais; Vencedora da Residência Artística Kaaysa 2017 e do Prêmio Pipa Online 2015. Indicada para o Prêmio Pipa Online 2018. Possui Obras no acervo do Museu de Arte do Rio, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu da Universidade Federal do Pará, Fundação Romulo Maiorana, Instituto Pipa e Associação Cultural VideoBrasil.
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Cada trabalho é uma tentativa de ser uma outra matéria, sendo essa… é o pensamento do terrano, de tentar ser terra, tentar ser pedra, tentar ser água, tentar ser floresta, a tentativa de incorporação nessas matérias, mais do que mimetismo.
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Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
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Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
Luciana Magno
Transamazônica , 2014
Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
53 x 80 cm
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Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
53 x 80 cm
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Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
53 x 80 cm
Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
53 x 80 cm
Cabelos, pernas, troncos, algas, cipós, árvores e pedras ganham uma organicidade e passam a pertencer a único corpo que não dissocia ser humano e natureza (…) para compreender verdadeiramente aquilo que há de fundamental no ser humano é necessário percebê-lo ao mesmo tempo como indivíduo e totalidade.
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Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
Luciana Magno
Belterra/Floresta Nacional do Tapajós, 2014
Video instalação
Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2014
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
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Luciana Magno
Eko Kanhy (Série Orgânicos), 2012
Pigmento sobre papel algodão e metacrilato
38 x 67 cm
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Luciana Magno
A iminência do lodo, 2014
Video instalação
Luciana Magno
Serra Pelada, 2014
Video instalação
Luciana Magno
Xingu, 2014
vídeo instalação
Luciana Magno
Devir tubérculo , 2019
Video instalacao
Luciana Magno
CI, 2016
Video instalação
Luciana Magno
Figueira Selvagem, 2014
Video instalação
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Luciana Magno
Sem título (Série Orgânicos), 2021
Pigmento sobre papel de algodão
80 x 120 cm
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ENTREVISTA | No vídeo acima, Luciana magno fala sobre Transamazônica, video-performance na qual coloca seu corpo feminino em situação de vulnerabilidade, e ao mesmo tempo, resistência. Passagem de caminhões e território masculino por excelência — e símbolo de um certo modelo de desenvolvimento —, a estrada recebe o corpo nu da artista; a posição em que se encontra é a mesma na qual são enterrados os índios da região. A performance proporciona o entendimento do corpo da mulher como realidade expandida, que a qualquer momento pode ser deflagrado sem permissão, assim como a própria floresta. Imóvel, Luciana se reconverte em natureza.