Apresentamos com imenso prazer na SP-Arte/Foto 2018, em foto e vídeo, trabalhos da série Orgânicos, da jovem artista paraense Luciana Magno (1987). Com pesquisa focada no corpo e em ações performáticas, Luciana aborda questões políticas, sociais e antropológicas, relacionadas ao impacto do desenvolvimento da região amazônica, com imenso requinte visual e aparato cultural e simbólico.
A integração do corpo à paisagem e ao entorno é um elemento determinante e recorrente em suas obras, estabelecendo um olhar crítico e poético acerca da cultura, história e política.
Luciana Magno foi ganhadora da 10ª edição do Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais com o projeto Telefone Sem Fio; Vencedora da Residência Artística Kaaysa 2017 e do Prêmio Pipa Online 2015. Indicada para o Prêmio Pipa Online 2018. Possui Obras no acervo do Museu de Arte do Rio, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu da Universidade Federal do Pará, Fundação Romulo Maiorana, Instituto Pipa e Associação Cultural VideoBrasil.
Na entrevista a seguir, a artista conta as questões que a nortearam na confecção da série Orgânicos.
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Veja a seguir o vídeo Belterra, da série Orgânicos, e trechos de texto crítico sobre a artista, do professor e curador Orlando Franco Maneschy, da Universidade Federal do Pará.
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Luciana Magno, ao percorrer a Amazônia discute o corpo em relação a paisagem, em percursos de enfrentamento e de busca de mimeses com o ambiente, e que termina por ativar relações que, por vezes, fazem situações políticas reverberarem, como por exemplo, quando adentra um ambiente em que existe madeira retirada de forma ilegal da floresta. Nesse espaço, a artista entra em contato com a natureza destruída e com pequenos pedaços de vida. Na imagem, entre toras de madeira, seu corpo repousa, enquanto um pássaro pousa sobre seus cabelos. Na produção da artista as coisas conjugam-se de maneira integrada, manifestam-se no acontecimento e propiciam a experiência despontar enquanto vivência, para materializar-se na forma de arte.
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Em Orgânicos a artista passou também por diversas situações de tensão e negociação, como quando chegou perto de uma área de mineração ilegal na rodovia Transamazônica. Lá, na estrada que significou o sonho de integração do Brasil, num projeto de colonização da Amazônia, por meio da construção de uma autoestrada que pretendia atravessar essa região do país de leste a oeste, a artista encontrou miséria e desajustes sociais, e também pessoas extremamente humanas. Em meio a uma rodovia que nunca se concretizou na totalidade do projeto, e que foi tomada em parte de volta pela floresta, Luciana Magno busca imergir na experiência com o ambiente, como quando some na poeira da terra da estrada, revirada por transportes pesados que cruzam a mesma.