Primeira individual de Gabriel Pitan Garcia, “Sopro” traz desenhos em grandes dimensões, realizados com materiais diversos, como seda, alumínio e papelão, e marcados por uma paleta monocromática que enfatiza o cinza. Espirais, tornados e redemoinhos revelam uma gestualidade voraz recorrente nas obras, “um torvelinho na cabeça e na alma”, nas palavras de Thiago Honório, que assina o texto curatorial.
28 JAN – 17 FEV 2023
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“Certa tormenta, um torvelinho na cabeça e na alma, lateja nos traços evidenciados pelos mais variados estados de ânimo, dilatados pelas superfícies com texturas diversas: traços duros, interrompidos, estilhaçados, feitos com grafite, mais deslizantes e caligráficos quando realizados com nanquim, mais borrados e fugidios executados com carvão, ou mesmo mais contínuos e uniformes se produzidos com caneta permanente. Ainda acerca desse torvelinho, não é fortuita a presença cinética da espiral, do tornado, do redemoinho — uma dada voragem —, que é recorrente neles”.
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Gabriel Pitan Garcia
Sopro, 2020
Carvão, caneta permanente, tinta acrílica, papel alumínio em papel fabriano
140 x 199 cm
Gabriel Pitan Garcia
Sonífero, 2021
Acrílica, carvão, grafite, marcadores hidrográficos permanentes e tecido sobre papel
196.50 x 140 cm
Gabriel Pitan Garcia
Uma volta, 2022
carvão, grafite, acrílica, óleo e impressão fotográfica sobre papel
155 x 210 cm
Gabriel Pitan Garcia
EdredOhmmmm, 2021
Acrilica, carvão, papel alumínio, papel cartão sobre papel de algodão
219.50 x 150.50 cm
Gabriel Pitan Garcia
¿Qué sé yo?, 2020
Tinta acrílica, nanquim, caneta permanente e carvão sobre papel
80 x 50 cm
Gabriel Pitan Garcia
Gota, 2022
Óleo, acrílica, grafite e carvão sobre papel
363 x 162.50 cm
Gabriel Pitan Garcia
Dois lugares ao mesmo tempo, 2021
Acrílica, carvão e acetato sobre papel
200 x 280 cm
Gabriel Pitan Garcia
Equação de três momentos, 2020
Naquim, acrílica e carvão sobre papel de seda
120 x 145 cm
Integrante da novíssima geração da arte brasileira, Gabriel Pitan Garcia exibe as marcas da inquietude e experimentação, em uma produção de forte cunho pessoal concebida como um diário aberto, feito de páginas de desafiadora amplitude. Em pinturas e, mais recentemente, desenhos, aprimorados no período pandêmico, Gabriel Pitan Garcia (São Paulo, 1994) por vezes captura o entorno e a energia das pessoas que o cercam; por outras, mergulha em registros explícitos de um lugar íntimo e profundo. Em ambos os casos, é dono de uma gestualidade livre, sem restringir-se a técnicas, e explora também livremente suportes e materiais para dar corpo ao trabalho. Utilizando as possibilidades do desenho e da colagem, Pitan Garcia promove a junção de recortes, tecidos e papéis, criando imagens que ora indicam retratos, ora constroem paisagens dominadas por criaturas estranhas e fragmentos de corpos.
+ maisA paleta reduzida de cores (pretos, brancos, ocres e cinzas) potencializa ainda mais o registro de um gesto nervoso, porém preciso. A mesma operação acontece nas telas, concebidas a partir da apropriação de objetos, onde impressões de seu entorno social e familiar resultam numa gama de texturas, imperfeições e volumes: peças de roupas, arames e plantas, cobertas por grossas camadas de tinta acrílica preta, são assim aprisionadas na tela, como se desafiassem a perecibilidade — dos materiais e da carga emocional que eles contém. Graduado em Artes Visuais pela FAAP, Pitan Garcia, que hoje vive e trabalha em Barcelona, na Espanha, foi integrante da Casa Dez Barra Doze, coletivo de ateliês, em São Paulo e foi um dos fundadores e gestores do BREU, espaço artístico independente também em São Paulo, que abrigou exposições, ateliês, cursos e debates.