Na sua sexta edição, o Leilão de Parede do espaço de arte contemporânea Pivô acontece de 22 a 28 de novembro, em São Paulo (leia mais aqui). Serão leiloados mais de 50 trabalhos de grandes nomes da arte contemporânea brasileira. Daniel Jablonski comparece com a obra Quadrilha (foto acima), em que aborda, de maneira instigante, a atualidade do País, como explica no texto a seguir:
Quadrilha é uma obra feita especialmente para uma exposição de temática “junina” que aconteceu no Solar dos Abacaxis, no Rio de Janeiro. Ao longo dos espaços do antigo casario estenderam-se mais de 300 metros de bandeirolas multicolores típicas dessa festa.
Fundidas à decoração do evento, elas carregavam a frase “Quem não está preso está hoje no Planalto”, que se repetia, letra por letra, bandeira por bandeira, cômodo por cômodo.
Trata-se de uma declaração feita poucos dias antes por Joesley Batista, diretor do grupo J&F, à revista Época, ainda no contexto de sua delação premiada à Operação Lava Jato.
Embora o empresário tivesse preferido o termo “organização criminosa”, a entrevista foi às bancas estampando a manchete sensacionalista:
“[Michel] Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil”. Em resposta, o homem de confiança do presidente, Rodrigo Rocha Loures — preso em flagrante com uma maleta com R$ 500.000 de propina — afirmou que o próprio Joesley seria o tal “chefe de quadrilha”.
Acusação essa, já feita inúmeras vezes ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por colunistas da revista Veja, por locutores da Radio Joven Pan e pelo deputado federal (e pré-candidato à presidência), Jair Messias Bolsonaro.
Tanto Joesley, quanto Temer e Lula, por meio de seus representantes legais, já tentaram processar uns aos outros pelo crime de calúnia e difamação, mas nunca obtiveram êxito.
A obra é também uma homenagem à obra “As guirlandas” que o artista francês Daniel Buren apresentou na Documenta 7, em Kassel, em 1982.
Mais sobre Daniel Jablonski
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