Entrevista de Janaina Torres concedida à plataforma Artsoul. Confira a íntegra aqui.
A Artsoul conversa com Janaina Torres. Com trajetória jovem, a galeria Janaina Torres já construiu um trabalho sólido em torno de artistas com diferentes linguagens e mídias e tem a missão de aproximar os mais diversos públicos do mundo da arte contemporânea. Janaina Torres nos conta como trabalha a carreira dos artistas e como se posiciona no mercado de arte.
Artsoul – O que inspirou o projeto de criação da galeria?
Janaina Torres: Percebi que havia encontrado nas artes visuais um caminho sem volta, um lugar que sintetizava as minhas experiências profissionais anteriores, quase um “chamado” vocacional. Acho que a minha inspiração foi a minha própria convicção.
Artsoul – Quais os critérios para seleção dos artistas representados?
Janaina Torres: O encantamento é um deles e após esse arrebatamento inicial, entender a pesquisa do artista e principalmente o seu comprometimento com o próprio trabalho. Na galeria, sempre estamos pesquisando e observando novas produções de diversas linguagens, regiões e refletindo sobre quais delas se unem organicamente ao programa da galeria e como nós poderemos contribuir com a trajetória do artista. A partir disso, fica mais fácil entender como trabalhar essa produção institucional e comercialmente.
Artsoul – Quais trabalhos e quais artistas da Galeria você considera de mais destaque no momento?
Janaina Torres: Os artistas da galeria possuem trabalhos tão plurais que fica difícil dizer quais tem mais destaque, cada um possui um público e trajetórias institucionais bastante diversas e únicas.
Artsoul – Neste último ano, com as medidas de isolamento, quais os maiores desafios que a Galeria enfrentou para continuidade do trabalho? Alguma mudança permanente que a pandemia trouxe?
Janaina Torres: Esse período tem sido extremamente desafiador para todo o campo da arte e da cultura. A falta da presença física constante, a observação direta das obras, a troca com o público são uma prerrogativa da arte e também do convívio em sociedade e isso ainda faz bastante falta, assim como a abertura das exposições, a participação em feiras presenciais e a celebração da arte. Como muitas ações têm se voltado ao campo virtual, a galeria vem trabalhando constantemente na utilização eficaz das redes sociais e sites/marketplaces parceiros, como meio de relacionamento e também como campo de difusão da galeria e nossas exposições, apostando em showrooms e viewing rooms consistentes e dinâmicos e pensando sempre na ideia de projetos, construções narrativas entre os trabalhos, física ou virtualmente. Uma mudança que veio para ficar é o modelo híbrido. E um dos meus maiores desafios foi a estruturação da equipe no meio desse cenário.
Artsoul – Quais as contribuições mais significativas da Galeria para o mercado de arte brasileiro?
Janaina Torres: Para citar apenas uma contribuição mais concreta, diria que foi a conexão entre a obra do artista Pedro Moraleida e o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, que resultou na exposição Canção do Sangue Fervente, 2019 e posteriormente na Bienal de Berlim, com Lisette Lagnado. Por ser uma galeria ainda jovem, que completará 5 anos em outubro, creio que nossas principais contribuições são essas interlocuções entre os nossos artistas com o circuito nacional e internacional, focando na diversidade de colecionadores e instituições. A galeria tem o desejo de se comunicar e acolher os mais diversos públicos e sujeitos, esse fator acaba por ajudar na construção de novos colecionadores.