Três perguntas para Feco Hamburger - Janaina Torres Galeria

São Paulo Brasil

Três perguntas para Feco Hamburger

2 de agosto de 2017 | 19:53

Depois do sucesso da exposição “Quando percebi era uma aurora”, que inaugurou a Janaina Torres Galeria, é natural a curiosidade do público crescente do fotógrafo Feco Hamburger sobre seus próximos passos. Fizemos três perguntas a ele sobre como anda seu intenso processo criativo – e o que nos aguarda, felizmente, em breve.  

PERGUNTA:  Depois de explorar o espaço sideral, o que você explora neste momento?
Feco Hamburger: Estou envolvido com o tempo e os deslocamentos da paisagem. Tenho estudado tempos geológicos e astronômicos e cosmogonias que eu não conhecia, como as dos índios amazônicos. É muito interessante ver como o mesmo céu pode ser nomeado e entendido de maneiras tão diferentes. As escalas e métricas, tão presentes, podem ser elásticas, e essa plasticidade dos modelos de mundo tem me interessado. O espaço sideral permanece presente, ainda que as soluções formais sejam novas e acrescidas de novas paisagens base. Há obras novas com experimentações de montagem também.

A exposição “Quando percebi era uma aurora” contava uma história coesa. Você continua nessa direção?
Creio que o que faço é criar campos de experiência; em outras palavras: que as obras se relacionem com o espectador na realização de seu sentido, mais do que criar uma narrativa. Há uma espécie de embate entre ficção e documento em meu trabalho, meio que um sonho de mundo, onde haja espaço para conexão inclusive com o acidente, o diferente. Numa exposição as obras criam relações novas, e o processo de construir um espaço coeso é muito desafiador. E faço questão de que haja certa dose de descontrole nesse processo.

Não há figuras humanas nas suas obras, apenas indícios e rastros de uma presença. Somos tão ínfimos na escala do universo que nos cabe apenas passar – e observar?
De fato, a figura humana – visível – está presente em poucas obras, como em Pictor e Major Tom. Já a natureza humana está em toda a exposição, mesmo que no gesto fotográfico ou pós fotográfico, se é que há algum sentido nessa cronologia. A escala é algo muito essencial na fotografia, muitas vezes pouco percebida como ferramenta expressiva, não só em relação ao seu objeto reconhecível como também e talvez principalmente, em relação à experiência quem está diante da obra. Andreas Gursky é bom exemplo disso. No meu caso, creio que nos cabe, muito mais que observar, nos relacionar, perceber, admitir, pensar; diria que nos cabe o respeito à experiência, aí incluída a contradição toda que acontece ou pode acontecer na passagem do tempo.

Feco Hamburger é um dos destaques da Janaina Torres Galeria na SP-Arte/Foto/2017 – stand 24, de 23 a 27/08. Aproximem-se.

 

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