Selecionamos oito frases e conceitos da própria artista que traduzem a riqueza da exposição B.L.O.C.O.S., de Marcia Thompson, que reúne sua produção mais recente, em exibição na Janaina Torres Galeria até 22 de julho. De Londres, onde está radicada há 20 anos, Marcia fala sobre um longo amadurecimento criativo, consolidado nas paredes – e no chão – da galeria.
Sobre Londres
Marcia Thompson: As peças de B.L.O.C.O.S. são inéditas e foram feitas em Londres. Me mudei pra Londres porque queria conhecer outros lugares, outros trabalhos, outras pessoas. Fui para Nova York e depois viajei pela Europa; também participei de exposições na Coréia, Escandinávia e ouros lugares. Acho que só estou me dando conta agora que já estou aqui há vinte anos!
Sobre o branco
A tela azul tem a fisicalidade e a corporalidade da tinta óleo que já venho pesquisando desde o tempo do Parque Lage quando comecei no atelier de Aprofundamento em 1986. Depois da EAV, passei 15 anos trabalhando somente com branco.
Sobre a tinta
Me interesso pela pintura e sua gramática mais básica e as qualidades sensíveis da tinta. Achava que a cor poderia me desviar dessa pesquisa.
Sobre a cor
Voltei a trabalhar com cor porque percebi que ela também faz parte desse DNA pintura. Tenho feito trabalhos vermelhos e laranjas, alguns amarelos e poucos azuis. Ainda faço trabalhos brancos, e pretos também.
Sobre as caixas vermelhas
Para essa exposição, as caixas vermelhas têm um papel de destaque. O começo da ideia da exposição veio delas. Pensei em formar uma linha de trabalhos vermelhos, como a linha nos desenhos que venho fazendo baseados nas primeiras escritas de meus filhos, onde cada letra tem a intenção de formar palavras e sentidos, mas são únicas e de desalinham.
Sobre o desenho
Venho fazendo desenhos com blocos (pautas musicais, escolares e desenho) há anos. Como a curadora Gabriela Davies disse “Cada linha é acrescentada como uma reação às linhas da pagina, e ao se alinharem com as outras páginas formam uma narrativa completa”, assim como “Cada tela, carregada de tinta, embolada para que sustente sua própria história”.
Sobre a caixa de acrílico
O primeiro trabalho que fiz que saiu definitivamente da parede era uma tela branca. Eu comecei a rasgá-la do chassis e enrola-la no chão junto com os materiais de pintura. Aí coloquei na caixa de acrílico. Os borrões na superfície do acrílico evidenciam a fatura e são como as laterais das pinturas que ficam borradas por causa do manuseio.
Sobre massas e objetos
Sempre gostei das laterais das pinturas e da laterais dos desenhos. As caixas de acrílico estão no chão, mas ainda são pinturas e os blocos de tinta falam da superfície da caixa onde são prensados, apesar de serem massas, objetos, corpos de cor. As caixas são feitas com os mesmos “ingredientes” da pintura.
(Veja as obras de B.L.O.C.O.S. na página da exposição)