Em uma arte inserida na tradição da filosofia africana de culto aos ancestrais — onde o indivíduo é a soma de seus pais, avós e bisavós —, Antonio Oloxedê continua a saga estética e espiritual de Mestre Didi, em esculturas de tradição iorubá e também no culto milenar ao Babá Egun, manifestação originária do oeste da África e que permanece viva no Brasil por meio do Ilê Asipà, em Salvador. Para além de terreiro, o Asipà é também o ateliê de Oloxedê, que atualiza e adiciona elementos próprios — como cor, abertura para o mundo e alegria — à técnica escultórica,  fundindo ancestralidade e visão de mundo africanos com a experiência de vida na Bahia contemporânea. Utilizando elementos extraídos da natureza, como madeira, sisal, bambu, palha, búzios e contas e objetos característicos das vestimentas do candomblé, utilizadas em rituais, Oloxedê produz obras em que manipula objetos e emblemas que expressam as entidades sagradas, símbolos da gramática visual iorubá, como pássaros, cobras, lanças, cetros e chamas, que são retrabalhados pelo artista. Em uma convivência mística com o fazer artístico, povoada de sonhos, chamados e convivência com os orixás — “sempre faço homenagem aos três: Xangô, Ogum e Oxossi” — Oloxedê propõe uma arte como ferramenta de transformação social e transcendental, verdadeiras obras de axé.