Com abertura no dia 03 de fevereiro, a exposição Pra Te Ver Melhor exibe 25 monotipias de Kika Levy, com curadoria de Ana Angélica Albano. Na sua produção recente, fruto de residência artística na Oficina Cultural Oswald de Andrade, a artista paulistana explora a monotipia, técnica milenar de impressão que em que se reproduz manchas de cor e desenhos em provas únicas, conseguindo-se efeitos imprevisíveis.
Na série de trabalhos da mostra, a artista apresenta reproduções em grandes formatos de folhagens e superfícies de plantas, como samambaias, embaúbas e macuqueiros, colhidas durante caminhadas pela Mata Atlântica remanescente em São Paulo, em locais como os parques Alfredo Volpi e Villa-Lobos.
Em Pra Te Ver Melhor, a artista associa questões prementes e atuais, como o esgotamento da natureza a partir da ação humana, a uma técnica de impressão presente desde o santo sudário até os moldes de corpo de Rodin, passando pelas máscaras mortuárias, os fotogramas ou as impressões digitais.
“O trabalho tem início na natureza, na busca por plantas que me instiguem, pelo formato, textura, tamanho, geometria, alguma coisa que detém meu olhar e ainda pede uma observação atenta”, diz a artista.
Kika Levy realiza, assim, uma busca “pela percepção e compreensão da natureza e entendimento do tempo, desde o tempo da contemplação até do desdobramento do próprio trabalho”.
Para a curadora Ana Angélica Albano, professora da Unicamp e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Arte, Corpo e Educação (Laborarte), o processo de impressão de folhas em sucessivas monotipias, produzindo imagens sempre únicas a partir de uma mesma matriz, como faz Kika Levy, embute um desejo de renovação do olhar e do objeto representado.
“A supresa, no entanto, é que na procura de ver melhor seu objeto de trabalho, Kika enfrenta desafios, acolhe acasos, desaloja certezas, voltando o olhar para o seu próprio processo de criação, que se renova, renovando-nos”, diz Albano.
Uma instalação com obras anteriores da artista, de pequenas dimensões, situa o espectador diante da evolução do trabalho de Kika Levy, que explora da gravura a instalações tridimensionais, transitando entre o racional e o intuititvo, o exato e o impreciso.
O poder do vestígio
Para a historiadora da arte Anne Louyot, as monotipias de Kika Levy transmitem ao espectador um sentido de sobrevivência, ainda que paradoxal: da planta, do seu entorno e do planeta.
“As samambaias que deixaram sua marca no papel existiram, as formas que vemos são o testemunho emocionante da enigmática unicidade de cada folha”, define Louyot. “Não é uma ideia de samambaia, é uma relíquia de samambaia, que encerra algo de sua textura, seu cheiro, sua humidade, suas cicatrizes imperceptíveis. (…) Desapareceu a samambaia, mas a vemos melhor”.
Sobre Kika Levy
Kika Levy nasceu em São Paulo em 1963, onde vive e trabalha. É formada em Desenho Industrial pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado e Pós-graduada em Artes Plásticas pela FASM (Faculdade Santa Marcelina). Participou de exposiçõs em instituições brasileiras e internacionais, em países como Estados Unidos (International Print Center, New York), França (15a Biennale internationale de la gravure de Sarcelles), México (Jardín de las Esculturas, Xalapa), Colômbia (Galeria Sextante, Bogotá), Venezulela (Galeria CAF, Banco de Desarrollo de América Latina) e Egito (Bibliotheca Alexandrina, International Biennale For Miniature Graphics). Pra Te Ver Melhor é sua primeira exposição individual na Janaina Torres Galeria.
Pra Te Ver melhor
Abertura 03 de fevereiro, 12h às 17h
De 05 de fevereiro a 27 de março
Seg. a sex. das 10h àas 19h
Sábados das 11h às 15h
Entrada franca
Mais sobre Kika Levy
Página da artista (Janaina Torres Galeria)
Kika Levy @ instagram
