A Janaina Torres Galeria anuncia com prazer a representação de Ricardo Siri (1974, RJ), artista sonoro e visual, cujo trabalho transita entre a escultura, performance, instalação, fotografia e vídeo. O artista, que vive e trabalha no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, estréia sua individual na Janaina Torres Galeria em 19 de março.
Artista múltiplo, herdeiro de uma estética que reúne elementos que vão do surrealismo ao neoconcretismo e arte imersiva, Siri é artífice de uma poética que une arte e vida, onde sons e objetos incorporam conceito, forma, experiência e sonoridade.
Siri lançou cinco CDs autorais e ganhou o Prêmio da Música Brasileira (2010). A partir de 2007, adentrou o universo das artes plásticas, incorporando os elementos constitutivos de sua experiência musical.
Desde então, tem ampliado seu repertório a partir da adição de materiais orgânicos e cotidianos, estabelecendo novas conexões entre arte, cultura e natureza, com implicações estéticas e sociais.
Sua obra estabelece, por meio de uma empatia radical, uma relação imediata com o espectador/ouvinte, através de uma linguagem comum e do acolhimento proporcionado pelas obras, como no caso das imersões sonoras e dos habitáveis e ninhos.
Rigor e emoção convivem em harmonia em trabalhos que exibem um senso de urgência próprio do agora, em que “o presente irrompe com toda força, constituindo verdadeiros instantes”, como define a curadora Cristina Burlamaqui – uma obra que vem acompanhada de uma atitude artística que desafia limites estéticos, físicos e institucionais.
Ao amalgamar os universos sonoro e visual, Siri compõe um universo polifônico em expansão contínua.
O artista desconstrói instrumentos musicais criando esculturas de formatos imprevistos, ora transformando fragmentos, como teclados e cordas de piano, ora criando obras antropomórficas que estimulam a memória, a imaginação e os sentidos, provocando o envolvimento emocional.
Muitas vezes, Siri adiciona efeitos sonoros à matéria concreta, expandindo a capacidade expressiva de materiais como metais, madeiras e elementos orgânicos, como arbustos e barro.
Produz também instrumentos inusitados e os toca em suas performances, criando música com timbres inovadores. Nelas, alude aos happenings, convidando o público a orbitar uma constelação de referências estéticas e impulsos sensoriais, e a ir além nas capacidades auditivas e visuais.
Para o crítico e curador Ricardo Resende, ao fazer esculturas com “pedaços de música”, como partes dos teclados de pianos e suas cordas, Siri livra-os de suas mortes prematuras ao deixarem de ser tocados: “Siri lhes dá vida longa, proporcionando-lhes sobrevida ao transformá-los em objetos escultóricos, só comparáveis àqueles criados pelo mestre Smetak no ambiente musical de Salvador no período dos anos quarenta, cinquenta e sessenta.”
Assista a performances de Ricardo Siri no You Tube
Veja obras disponíveis de Ricardo Siri aqui.
Leia: Instrumentos, formas, escalas, esculturas, escutas variáveis, palavras – por Ricardo Rezende
Sobre Ricardo Siri
Nasceu em 1974, no Rio de Janeiro (RJ), onde vive e trabalha. Percussionista por formação, começou sua carreira como músico profissional em 1996 tocando com grandes nomes da música brasileira como Sivuca, Hermeto Pascoal, Bossa Cuca Nova e Roberto Menescal entre outros. Em 1999/2000, graduou-se como baterista pela Los Angeles Music Academy, nos Estados Unidos, e aprofundou seus estudos de percussão indiana e africana na Sangeet World Music School (Pasadena/CA).
Em 2011, é convidado pelo Comitê Olímpico de Londres para residir e produzir trabalhos durante um mês no projeto Olímpico – Rio London Ocupation no Battersea Art Center, em Londres. Em 2013, foi convidado para a residência artística na Cité International des Arts, em Paris (França).
Realizou as solos “Interfaces” (Galeria Portas Vilaseca, Rj 2019, “Habitáveis” no Centro Municipal Helio Oiticica, RJ 2017, “Escalas Variáveis”, Galeria Mezanino, 2016, “Oroboro” no Espaço Movimento Contemporâneo Brasileiro, RJ e Galeria Mezanino SP, 201 e “Distorções”, Galeria Amarelo Negro, 2010 e coletivas “Canção Enigmática” MAM_Rj,2019, “Monument in miniatura”, ABC no Rio, New York,2018 ,“Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras” (2016) no Museu Bispo do Rosário (RJ); “Je Ma pele Siri” (2014) na Casa França Brasil (RJ); “Paisagem Sonora” (2014) na Casa Daros (RJ); “Liana Ampliathum” (2014) no Parque Lage (RJ); “Blank Page” Victoria and Albert Museum e “Old London Swing”, V22 ambas em 2012, Londres; “Abre Alas” (2011) na Gentil Carioca (RJ); “Fronteiriços” (2011) na Galeria Emma Thomas (SP); “No Tranco” (2011) no Brazil Tudo é… em Florença (Itália); “Distorções” (2011) na Casa França Brasil (RJ); “Boate” (2010) na Arthur Fidalgo Galeria (RJ) e “Obra Prima” (2001) na VERBO – Galeria Vermelho (SP).
Participou da XX Bienal de Cerveira, Portugal e 2º Trio Bienal no RJ em 2018. Foi selecionado para o 44º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (2016, em Santo André/SP), os projetos Rumos Itaú Cultural 2005/2006 e Programa Petrobrás Cultural 2007/2008. Participou do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – FILE (São Paulo, SP/2007), XVII Bienal de Música Contemporânea (RJ). Apresentou seu trabalho na UNESCO “Nuit de la Philosophie”, 2018 na Portikus (Frankfurt, em 2013), NBK-Gallery (Berlim, em 2013) e Museu Marino Marini, Florença, Itália, 2013) entre outros.