Por Helena Byington
Olhar para dentro, olhar para fora. Seja com uma lupa para micro objetos ou com uma prensa de mais de um metro, Kika Levy explora a terra, as raízes e o fogo em sua nova série de gravuras, “Paisagens vermelhas”.
Depois de explorar a cor azul como matéria e expressão de céus, ares e horizontes, a artista passa a explorar o vermelho, o grená e a terracota como expressões de uma natureza poética e original.
As “Paisagens vermelhas” são como o imaginário da Pangeia. Fortes, misteriosas e ancestrais.
O que pensamos da terra como uma única placa, se expandindo aos poucos, habitada por uma fauna vasta e desconhecida, pode ser projetado nestas gravuras que, assim como o planeta que conhecemos, também nasceram de uma única superfície.
Lava vulcânica
Os horizontes facilmente se transformam em lava vulcânica e, mesmo a fauna, às vezes, ainda presente, se mostra tomada por este ardor – como uma sangria.
Ao mesmo tempo que nos levam a pensar em toda esta construção, as gravuras da série são imagens de uma placidez presente, que permitem ao olhar sensações contraditórias de intensidade e calmaria.
Sem abandonar de todo a geometria, que aparece em algumas das construções, Kika une precisão e delicadeza em um processo incansável de gravar, regravar, prensar e re-prensar.
Voltada para a imensidão da terra, a artista não abandona pequenas formas e manifestações da natureza, transformando a imensidão em uma minuciosa exploração da fauna e da flora.
Numa ordem intuitiva e racional, o espectador descansa o olhar nos vazios preenchidos desta nova série de gravuras, que se desdobram entre solos e precipitações.
A artista firma consigo um novo compromisso, de enxergar a terra fértil, a chama que aquece e a natureza que arde.
Mais sobre Kika Levy
Página da artista (Janaina Torres Galeria)